Hospital Paulista alerta para danos do cigarro à boca e garganta

Que o cigarro faz mal à saúde não é novidade para ninguém. O tabagismo, apesar de ser a principal causa de morte evitável no mundo, é considerado um fator de risco importante para o aparecimento de diversas doenças, entre elas as cardiovasculares e respiratórias, além de inúmeros tipos de câncer.

Mas você sabia que, além das substâncias tóxicas presentes em cachimbos, charutos, narguilés e cigarros, eletrônicos ou não, o próprio hábito de fumar também pode ser nocivo à saúde de órgãos como boca e garganta? É o que explica a Dra. Cristiane Passos Dias Levy, otorrinolaringologista do Hospital Paulista.

Conforme a médica, fumar pode comprometer a fala, a deglutição e as funções motoras da faringe e laringe, podendo evoluir a quadros mais graves, como câncer nesta região do organismo. O Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado em 29 de agosto, tem como objetivo atentar a população para além dos malefícios do cigarro e da nicotina, mas também ao vício, que, assim como o alcoolismo, tem se tornado um hábito social.

Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) indicam que, apesar de o número de fumantes com 18 anos ou mais ter caído consideravelmente nos últimos anos – de 16,2% em 2006 para 9,1% em 2021, os jovens têm aderido ao hábito de fumar cada vez mais cedo, graças aos vapers (cigarros eletrônicos) e outros dispositivos de fumo com essências saborizadas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o tabaco como o responsável por mais de 8 milhões de mortes em todo o mundo anualmente.

“Apesar do avanço, é necessário intensificarmos as campanhas de combate ao fumo, principalmente entre os jovens. Do total de óbitos, 7 milhões de mortes são causadas pelo uso direto do produto. No entanto, cerca de 1,2 milhão é resultado do fumo passivo, ou seja, de pessoas que convivem com fumantes e ficam expostas à fumaça e todas as suas toxinas”, explica.

De acordo com a Dra. Cristiane, além de afetar a qualidade e expectativa de vida das pessoas, o tabagismo induz a população a danos sociais, políticos, ambientais e econômicos, já que as doenças causadas pelo vício são consideradas de alto custo para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Isso sem falar nos gastos pessoais de um fumante”, reitera.

 

Câncer na laringe

Este câncer atinge as cordas vocais ou qualquer outra estrutura da laringe, podendo ser identificado ainda no início, a partir de uma rouquidão. “É extremamente importante buscar um otorrinolaringologista, caso as rouquidões persistam por 1 semana, para que o motivo real do problema seja corretamente identificado.”

A especialista afirma que fumantes têm muito mais chances de contrair o câncer. Segundo ela, é necessário que o indivíduo fique sem fumar em torno de dez a 15 anos para que o risco de desenvolver a doença seja igual ao de um não-fumante.

“Um ponto de extrema importância para o tratamento é o abandono do tabagismo, já que o hábito de fumar está presente como fator de risco para o desenvolvimento de câncer em outras regiões da cabeça e pescoço, além do pulmão.”

 

Disfonia

Resultado de abusos vocais ou maus hábitos, como consumo excessivo de álcool e cigarro, a disfonia é um problema bastante comum entre fumantes. O sintoma é caracterizado por alterações na qualidade vocal, com peculiaridades como aspereza, fraqueza, soprosidade e instabilidade.

A exposição prolongada da mucosa laríngea ao cigarro pode comprometer o movimento do tecido da corda vocal, alterando a qualidade da voz, além de ocasionar sensação de ardor, pigarro e presença de secreções.

 

Câncer de boca e faringe

O câncer na boca pode acometer os lábios e o interior da cavidade oral, incluindo língua, gengiva e bochechas. A doença também pode se instalar na faringe, estrutura comum ao aparelho digestivo e respiratório, localizada à frente da coluna cervical.

 

Halitose

Além da higiene bucal inadequada, problemas dentários e causas sistêmicas, a halitose ou mau hálito, como é popularmente conhecido, pode ser uma das consequências do vício em cigarro.

Conforme a médica, o consumo excessivo de álcool e, principalmente, do tabagismo podem agravar o problema.

Dra. Cristiane finaliza destacando que as pessoas que desejam abandonar o vício devem procurar profissionais de saúde, pois estes terão as melhores estratégias para cada caso. Entre as opções estão os medicamentos e a psicoterapia.

 

 

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