Disfonia, uma das principais causas que afasta professores da sala de aula
Repetidas pesquisas confirmam que a perda de voz compromete a saúde e a carreira dos docentes; segundo a OIT, categoria é a mais propensa a desenvolver distúrbios vocais; especialista recomenda cuidados e atenção especial a sintomas
A perda da voz é uma das principais causas de afastamento de professores. Dados do Núcleo de Estudos de Saúde e Trabalho da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam que mais da metade dos docentes falta pelo menos uma vez por ano, por motivo de saúde, e as causas mais frequentes são justamente a rouquidão e a diminuição da potência vocal.
Datado de 2020, esse levantamento é um dos mais recentes sobre o tema e corrobora com outros, publicados em anos anteriores, que apresentaram resultados semelhantes. Pesquisa de 2008, feita pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinprosp), em parceria com o Centro de Estudos da Voz, revelou que 63% dos professores da rede particular já tiveram problemas com a voz.
Diagnósticos similares também foram verificados na rede pública, por meio de levantamentos do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de SP (Apeoesp) e da própria Prefeitura de São Paulo.
Não é por acaso que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera o professorado a categoria de maior risco de desenvolver distúrbios vocais. Dentre os principais motivos, o uso excessivo da voz é o mais óbvio, sem dúvida. Mas é certo que a falta de cuidados com o aparelho fonatório também contribui para esta situação –conforme alerta o Dr. Domingos Tsuji, médico especialista em diagnóstico de patologias de laringe e responsável pelo Voice Center do Hospital Paulista.
“Ter a voz como principal instrumento de trabalho requer muita disciplina, sobretudo no que se refere à hidratação do corpo e o descanso necessário da voz, para evitar os chamados fonotraumatismos (lesões nas cordas vocais). Há técnicas de aquecimento e desaquecimento da voz e exercícios vocais que também ajudam muito nessa proteção e devem ser associadas”, destaca o médico, que elencou uma série de dicas para auxiliar nessa tarefa (detalhes abaixo).
A maior preocupação, segundo ele, é que essas lesões recorrentes possam ensejar quadros de doenças mais graves. Por isso é tão importante preveni-las. “Rouquidão que persiste em mais duas, três semanas, por exemplo, é um sinal de alerta que não pode ser ignorado. Aliás, o sintoma mais clássico de lesões pré-malignas e câncer de laringe é a alteração da voz”, enfatiza o Dr. Tsuji.
Ele lembra que o Brasil é um dos países com maior taxa de diagnósticos de câncer de laringe – o que demanda atenção redobrada da nossa parte. “Embora a curabilidade seja alta, é fundamental o diagnóstico precoce e isso nem sempre acontece. Nesse contexto, a prevenção entra como uma aliada importante em casos de alterações vocais persistentes ou recorrentes que precisam ser investigadas”.
Abaixo, as principais dicas para você cuidar melhor da sua voz:
BEBA ÁGUA
Ao longo do dia, beba de 7 a 8 copos de água, em pequenos goles. Se estiver em ambientes com ar-condicionado, reforce a hidratação para manter as cordas vocais úmidas e lubrificadas.
CUIDADO COM O QUE COME
Alguns alimentos são capazes de alterar a saúde vocal. Uma alimentação saudável ajuda a prevenir o refluxo, que é prejudicial à laringe e às cordas vocais.
AQUEÇA A VOZ
Se você sabe que vai falar durante um longo período, faça exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal. A orientação de um fonoaudiólogo é fundamental para você aprender a fazer os exercícios de forma correta.
NÃO SE AUTOMEDIQUE
Existem fármacos – como os anti-histamínicos, diuréticos, descongestionantes nasais e antidepressivos – que podem afetar a voz.
EVITE USAR ROUPAS APERTADAS NA ZONA DO PESCOÇO E CINTURA
As roupas apertadas limitam os movimentos necessários para a respiração e fonação.
ATENÇÃO À FORMA COMO FALA
Fale suavemente, de forma pausada, respirando de modo adequado. Ações como gritar, por exemplo, devem ser evitadas, pois o impacto entre as cordas vocais causado por um grito pode lesionar as cordas vocais
IMPORTANTE
Evite fumar, principalmente, durante o período em que se encontra com rouquidão. A fumaça passa direto pelas cordas vocais, ressecando a área e causando irritação.
Sobre o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
Fundado em 1974, o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia possui quase cinco décadas de tradição no atendimento especializado em ouvido, nariz e garganta e durante sua trajetória, ampliou sua competência para outros segmentos, com destaque para Fonoaudiologia, Alergia Respiratória e Imunologia, Distúrbios do Sono, procedimentos para Cirurgia Cérvico-Facial, bem como Buco Maxilo Facial.
Referência em seu segmento e com alta resolutividade, conta com um completo Centro de Medicina Diagnóstica em Otorrinolaringologia. Dispõe de profissionais de alta capacidade oferecendo excelentes condições de suporte especializado 24 horas por dia. Em relação aos problemas vocais, conta com o primeiro Voice Center do Brasil, que dispõe de equipamentos de última geração e uma equipe altamente especializada no diagnóstico e tratamento das doenças vocais e da laringe.