Prevenção de perda auditiva deve ser iniciada ainda na juventude, alerta especialista
Novembro é considerado o mês oficial de Prevenção e Combate à Surdez no Brasil. Mais do que ressaltar a importância do diagnóstico precoce, a campanha tem a missão de alertar os jovens sobre a possibilidade de prevenir futuras perdas auditivas a partir de mudanças simples no dia a dia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em cerca de 466 milhões o número de pessoas em todo o mundo com algum grau de surdez. De acordo com a entidade, no entanto, cerca de 1,1 bilhão de jovens com idades entre 12 e 35 anos correm o risco de sofrer perda de audição nos próximos anos devido ao uso exagerado de fones de ouvidos (em volume alto) e à exposição frequente a ambientes como shows e casas noturnas, que também contam com ruídos em volume superior.
Para Arnaldo Tamiso, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, o problema está no volume do som e no uso sem intervalos dos fones de ouvido, que ganharam popularidade nas últimas duas, três décadas, e passaram a chamar a atenção da comunidade médica para a importância da prevenção entre os jovens.
“Associado à predisposição genética para a surdez, o uso inadequado de fones de ouvidos aumenta o risco de o paciente jovem registrar perda auditiva precoce (por volta dos 40, 50 anos)”, explica o médico, ressaltando que a utilização do aparelho aumentou durante a quarentena, seja através dos jovens que têm aulas à distância, seja por meio dos adultos trabalhando de forma remota.
Segundo ele, o grande problema do fone de ouvido é o volume do som e o tempo de utilização. “O aceitável, em termos de fone ou fontes sonoras durante o dia, é fazer uma pausa de uma hora a cada três horas de uso. Além disso, é preciso não exceder o volume que o próprio aparelho de telefone ou de áudio muitas vezes indica como inadequado. Esse marcador geralmente fica vermelho quando o indivíduo entra nos últimos 30% da capacidade de volume dos fones. É a partir daí que o uso pode gerar problemas auditivos, seja ao jovem ou ao adulto”, ressalta.
O especialista recomenda também que o jovem (ou seu responsável) procure um otorrinolaringologista caso note algum zumbido ou ruído estranho nos ouvidos, especialmente após o uso dos fones. Por meio do exame da audiometria, será possível aferir se o paciente já registra algum grau de perda auditiva.
“Esse exame é simples, não é invasivo e dura cerca de 10 minutos. Dependendo do grau de perda de audição, é possível utilizar medicamentos que são vasodilatadores ou anti-inflamatórios, para o caso de traumas de audição. Esses são os principais cenários nos quais o paciente pode recuperar a audição. Quando a surdez é provocada por tumores, o tratamento também pode proporcionar a retomada da audição, desde que os danos no sistema auditivo não sejam tão graves”, afirma.
No entanto, destaca o médico, a perda de audição ou surdez genética não permitem recuperar integralmente a condição do paciente. “Somente através de aparelhos auditivos o paciente poderá escutar melhor, já que os nervos do ouvido não se regeneram”, completa o médico.
Ainda de acordo com o especialista, a iniciativa de dedicar o mês de novembro à prevenção e combate à surdez é importante porque joga luz sobre um problema que costuma ser ignorado pela população mais jovem. E os hábitos atuais, associados a uma predisposição genética, sinalizam que é justamente esse um dos públicos que mais deve se atentar ao acompanhamento médico adequado.
“É necessário prevenir. E é justamente na juventude que iniciamos os cuidados para evitar uma perda auditiva que poderá aparecer na terceira idade, mas que também é possível em indivíduos com 40 ou 50 anos”, finaliza o otorrinolaringologista.
O exame de audiometria é realizado pelo Hospital Paulista em seu Centro de Medicina Diagnóstica em Otorrino. O procedimento não requer internação ou anestesia e pode ser realizado em pacientes de todas as idades, a partir da recomendação e acompanhamento médico.
Outro exame específico para detecção de surdez e perda de audição é o de Otoemissões Acústicas por Produto de Distorção. Também realizado no Hospital Paulista, o procedimento é especialmente utilizado em recém-nascidos, de modo a aferir possíveis alterações na audição logo após o parto.
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